”MAIO
INTERNACIONAL
Os indícios de melhora da atividade global ao longo do primeiro trimestre deram espaço a forte receio de uma nova rodada de desaceleração global. A incapacidade do comércio global em mostrar recuperação, sinais do princípio de um ciclo de redução de estoques nos EUA, ausência de resposta da atividade industrial na Europa, estabilização do crescimento chinês e, principalmente, retomada do cenário de guerra comercial provocaram uma mudança no humor ao longo do mês de maio. Os PMI’s da Zona do Euro, Japão, China e EUA mostraram significativa reação negativa da classe empresarial ao risco de recrudescimento da guerra comercial entre EUA e China. Com relação aos juros globais, a tendência de manutenção de taxas mais baixas é clara, com a resposta dos BC’s ao redor do mundo sendo de afrouxamento monetário no cenário atual. Com respeito às moedas, a ameaça de recessão global coloca em risco o cenário de enfraquecimento do dólar no mundo, especialmente levando em consideração que uma das possíveis respostas da China à guerra comercial seria a depreciação do Yuan. Neste ambiente, o ouro deveria ter melhor performance, por: (i) não depender do ciclo de cada país, e (ii) defender de riscos geopolíticos e de aversão a risco.
Nos EUA, com a divulgação dos dados industriais do começo do segundo trimestre e com o consumo dando sinais de maior fraqueza, o PIB projetado para o segundo trimestre é próximo a 1,0%. No âmbito da inflação, a discussão gira em torno da transitoriedade da leitura fraca no primeiro trimestre. Com variação anual consideravelmente aquém do objetivo do Fed e a discussão sobre expectativas ancoradas em patamar baixo, a autoridade monetária gostaria de observar se isso decorre de fatores temporários, que tendem a normalizar nos próximos meses. Essa discussão foi vista, em um primeiro momento, como indício de menor necessidade de corte da taxa de juros, enquanto não houver maior certeza sobre a trajetória futura do núcleo do PCE. No entanto, desde então, o aumento dos riscos para crescimento global, especialmente os maiores riscos para o PIB dos EUA advindos do acirramento do cenário de guerra comercial, trouxeram a possibilidade de corte da taxa básica de juros de volta ao jogo.
Na Europa, ocorreram as eleições para o parlamento europeu, em que havia risco de eleição de políticos mais populistas e com retórica contrária à Zona do Euro. Apesar do aumento de participação desses grupos políticos, o comando do parlamento seguiu nas mãos da classe mais favorável à integração do bloco. A ascensão dos grupos políticos contrários ao bloco europeu segue ocorrendo de forma regional, com destaque para a Itália.
BRASIL
O mês de maio observou primeiros sinais mais positivos na relação entre executivo e legislativo. A PEC da previdência tramitou sem sobressaltos, principalmente por terem sido realizadas apenas audiências públicas na Comissão Especial. Ao longo do mês de junho, haverá a apresentação e votação do parecer do relator Samuel Moreira (PSDB-SP) que deve trazer maior tensão ao cenário. Além disso, após o sucesso na aprovação de algumas importantes MPs, o governo já vislumbra a possibilidade de votar a PEC da previdência na Câmara antes do recesso parlamentar de meados de julho. Há propostas, inclusive, de cancelar o recesso como forma de obrigar a Casa a votar a reforma de forma mais célere. Nossa hipótese é de que o calendário se encontra apertado e que a PEC será aprovada em agosto antes de ser enviada ao Senado, mas reconhecemos que uma janela de possibilidade para a aprovação mais rápida se abriu, o que não era imaginado no fim de abril. Maio também foi marcado por protestos contrários e favoráveis ao governo. A oposição conseguiu levar um bom número de pessoas às ruas com o mote de oposição ao contingenciamento de recursos para a educação. A situação, por sua vez, também conseguiu arregimentar uma parcela relevante da população pela defesa da pauta econômica e anticorrupção. O chamado às ruas em favor da reforma da previdência merece destaque por reduzir o custo político dos parlamentares de votar a favor da mesma.
O cenário de crescimento segue sendo revisado para baixo. Em maio, os indicadores de confiança seguiram em trajetória de devolução da melhora apresentada após a eleição presidencial do final de 2018. Isso levou a um pessimismo com relação ao ritmo de crescimento do segundo trimestre. Nossa projeção para o PIB de 2019 se encontra em 0,9%. Esperamos que, após a aprovação da reforma da previdência, com novos cortes da taxa Selic e continuidade da agenda de reformas, possamos voltar a apresentar um crescimento econômico mais robusto. Para 2020 nosso PIB esperado é de 2,5%.
Nossa projeção para o IPCA foi revisada de 4,0% para 3,8%, tanto em 2019 quanto em 2020. As seguidas revisões das projeções de crescimento vão resultar em menor pressão inflacionária, mesmo em um ambiente de pressão de alimentos originado da gripe africana sobre o rebanho de suínos da Ásia. No curto prazo, um regime de chuvas mais favorável, preços globais de petróleo com forte recuo e reversão da pressão de alimentos in natura do começo do ano colocam como cenário provável variações negativas em junho. O ambiente global baixista para juros e sem gerar dólar forte, aliado à ausência de crescimento doméstico e correção dos desequilíbrios fiscais com agenda de reformas positivas vão levar o Banco Central do Brasil a retomar o ciclo de cortes na taxa SELIC. Esperamos 4 cortes de 25 bps na taxa de juros, iniciando na reunião de julho, levando a SELIC a 5,50%.
Durante o mês trocamos nossa posição de NTN-B por uma venda de juros nominal na parte intermediaria da curva acreditando que a probabilidade de corte de juros vai seguir aumentando. Essa posição junto com as estratégias de opções para corte de juro no segundo semestre foram responsáveis pelo bom desempenho da carteira de renda fixa no mês.
No book de moedas zeramos nossa posição vendida em dólar contra alguns países do G10 durante o mês. Com a melhora do cenário político local e números mais fracos da economia americana iniciamos uma venda de USDBRL.
Ao longo do mês ficamos sem posição significativa.
Com a perspectiva de enfraquecimento do USD global e com os Bancos Centrais globais adotando tom mais dovish, mantivemos nossa posição comprada em ouro.
Maio foi um mês de muita volatilidade na bolsa. Ao longo do mês trocamos parte da nossa posição em ações por opções de Ibovespa e EWZ para aguentar uma correção mais forte. Com a melhora do cenário politico local aumentamos essas posições no final do mês.