REPORT MENSAL
JUNHO - 2019
INTERNACIONAL
O receio com a atividade global deu lugar a expectativas de inflação cadentes e respostas por parte de diversos bancos centrais. Em particular, nos EUA, o banco central americano indicou que o ciclo de acomodação da política monetária se iniciará na próxima reunião. O Fed cita preocupações globais e a desaceleração da atividade doméstica como justificativas para eventual redução da taxa de juros. Essa mudança de postura marca o fim da diferença de discurso entre as principais autoridades monetárias. Desde o início do ano passado, o dólar valorizou de forma significativa pelo fato de os EUA serem o único país, dentre as principais economias desenvolvidas, onde havia crescimento econômico e aumento da taxa de juros. Com o aumento da preocupação com crescimento, os EUA devem atrair um menor fluxo de recursos do mundo, retirando a pressão de depreciação sobre as demais moedas. Além disso, a redução do diferencial de juros entre os EUA e outras economias também contribui para um movimento de enfraquecimento global do dólar.
O receio de desaceleração global fez com que as expectativas de inflação recuassem de maneira significativa, levantando mais preocupação por parte das autoridades monetárias que lutam desde 2008 para levar os índices de preço de volta as suas metas. Nos EUA, isso se soma à reavaliação do arcabouço de política monetária, que sinaliza preocupação com as seguidas decepções com o cumprimento da meta de inflação, colocando combustível adicional na reavaliação de juros por parte do Fed. Além disso, em economias mais debilitadas, como a Europa, o fantasma do risco deflacionário pode ressurgir, exigindo resposta das autoridades públicas. Neste caso, o instrumento monetário pode não ser efetivo, o que exigirá que a resposta se dê via política fiscal mais expansionista, diminuindo o impacto sobre a moeda. A segunda rodada de reavaliação da postura dos bancos centrais ocorreu concomitante ao fechamento dos juros reais, impulsionando o ouro, ativo com forte demanda em um ambiente de juros globais mais baixos. Esse cenário é corroborado pela forte reavaliação da trajetória de juros nos EUA, ilustrada nas projeções dos diretores do Fed para a taxa básica esperada nos anos vindouros.
O ambiente de risco de guerra comercial segue deflagrado, com a adição de riscos geopolíticos. Com a proximidade das eleições presidenciais americanas, o objetivo do presidente Trump passa a ser maximizar as chances de reeleição, voltando à retórica que o levou à presidência dos EUA, marcada por forte confronto frente a outras nações, protecionismo econômico e belicismo.
BRASIL
Neste cenário global de enfraquecimento da moeda, como o Brasil se posiciona? A proximidade da aprovação da reforma da previdência, a reavaliação do cenário de juros globais, a mobilização por uma agenda econômica após a reforma da previdência e medidas de estímulo one-off (liberação de FGTS, etc.) vão permitir que se volte a vislumbrar um ambiente de melhora da atividade no país, que tem decepcionado de forma relevante desde a eleição. A perspectiva de melhora econômica, a redução dos riscos fiscais futuros com a aprovação da reforma da previdência e um ambiente global de enfraquecimento do dólar devem beneficiar nossa moeda.
Esperamos a aprovação da reforma da previdência em primeiro turno no plenário da câmara até o início do recesso parlamentar. O total de economia apresentada para os próximos 10 anos deverá ficar acima de R$ 700 bilhões. O processo deverá ser rapidamente concluído após o recesso parlamentar e o trâmite no Senado deve levar em torno de dois meses, sem alterações na PEC (caso contrário, sería necessário o retorno do texto à Câmara dos Deputados). A aprovação na Câmara será suficiente para encaminhar o resto da agenda econômica, tão esperada e importante.
Esperamos que o Banco Central reduza a taxa Selic para 5,0%, com 3 cortes consecutivos de 50bps na taxa de juros. Relevante notar que continua a reavaliação do cenário de inflação por parte da autoridade monetária. Nas comunicações de dezembro do ano passado, estimava-se um IPCA de preços livres de 4,0% para 2020. Em junho, já observamos um recuo para 3,4%, como reflexo de menores PIB e IPCA em 2019, além de possível reavaliação do juro neutro.
A posição vendida na parte intermediaria da curva junto com a posição em opção acreditando em cortes até o final do ano foram responsáveis pela ótima performance do book de renda fixa no mês. Reduzimos essas posições pois a assimetria no juro agora precisa de aceleração no corte de juro. Vamos acompanhar o andamento da reforma da previdência durante julho com o risco reduzido em renda fixa.
Reforçamos a venda de dólar contra o real e iniciamos uma posição vendida no DXY que é uma cesta compondo os principais países do G10. Com a sinalização do Banco Central Americano de que irá cortar o juro até o final do ano, o dólar deve se enfraquecer contra as principais moedas do mundo.
Ao longo do mês iniciamos uma posição de steepening da curva americana tomando juro na parte longa e aplicando a parte curta.
Nossa posição comprada em ouro foi o grande destaque do mês contribuindo com 1,31%. A redução de juro real no mundo proporcionada pelos números fracos de atividade global e o discurso de mais estímulos monetários por parte dos principais bancos centrais do G10 ajudaram no rally de 7,83% no mês. Reduzimos a posição aguardando uma realização nos preços para voltarmos para o tamanho original.
Nossa posição comprada em bolsa e no EWZ teve uma boa performance durante o mês de junho. Continuamos muito construtivos para o segundo semestre. Ambiente de redução de juro no Brasil e no mundo e com as reformas avançando, as ações no Brasil vão continuar atrativas. Estamos posicionados em empresas que vão se beneficiar do juro baixo e de um crescimento mais forte da economia brasileira no segundo semestre.