REPORT MENSAL

ABRIL - 2021

“O ritmo acelerado da vacinação na Europa no mês de abril trouxe otimismo para a sincronia de crescimento global. O dólar voltou a se enfraquecer, acentuando a alta das commodities.  No Brasil, com a solução encontrada no impasse do orçamento, o risco de uma ruptura fiscal foi reduzido, permitindo a melhora dos ativos.

Entendemos que o fundamento segue muito positivo para o crescimento global, levando a atenção do mercado para os números de atividade e inflação nos EUA. No Brasil, a atividade segue surpreendendo positivamente, o que na nossa visão deve impulsionar a recuperação dos ativos locais.”

INTERNACIONAL

Com a aceleração da vacinação no continente europeu e o alcance do patamar de vacinados suficiente para reduzir o número de novos casos (e, consequentemente, a pressão sobre a capacidade hospitalar) nos EUA e Reino Unido, os países desenvolvidos começam a ver a luz no fim do túnel. A perspectiva de reabertura total das economias e normalização das atividades traz de volta à vida diversos segmentos econômicos fortemente afetados pela pandemia do COVID-19. Uma maior oferta de doses na Europa retirou o caráter de excepcionalismo de crescimento dos norte-americanos, permitindo ao mercado precificar normalização de atividade em outras regiões do mundo.

Depois de o Ocidente – Europa, EUA e América Latina – permanecer, por mais de um ano, como principal foco da pandemia, o COVID ressurge como uma questão na Ásia, com forte elevação no número de novos casos na Índia e problemas no Japão e Coréia do Sul. Região mais importante por produção de manufaturas e cuja atividade de serviços sofreu bem menos na primeira onda com relação ao resto do mundo, a boa gestão do Covid realizada anteriormente postergou o processo de vacinação. Com isso, o cenário que se desenha é uma corrida para vacinar essa população (lembrando que boa parte da capacidade global de produção de vacinas se encontra na Índia e na China), gerando problemas para países que ainda não se encontram em ponto avançado de imunização, como a África. Esse fator é suficiente para atrapalhar o crescimento global sincronizado? Em nossa opinião, pouco. Grande parte da contribuição do crescimento asiático para a atividade global se dá por meio de manufaturas e como o ciclo de reestocagem ainda se encontra incompleto, não achamos que essa atividade será impactada pelo vírus, com efeito maior ocorrendo sobre o consumo doméstico de serviços. Nesse cenário, avizinha-se um forte crescimento da atividade econômica global, com o comércio de bens e serviços apresentando ainda forte elevação, permitindo que ocorra sincronia de atividade entre economias.

Um dos reflexos desse cenário mais forte de crescimento é que as métricas de hiato do produto global ficam cada vez mais apertadas, ensejando mudanças de postura dos formuladores de política global. Já temos assistido a alterações de juros em países emergentes, que sofreram mais com o processo inflacionário que vem ocorrendo desde o final do ano passado (em boa parte devido à maior participação de alimentos na cesta de consumo) e, vimos, no Banco Central do Canadá, uma primeira mudança de postura por parte dos BCs desenvolvidos. Vemos a reunião anual do FED de Kansas em Jackson Hole, em agosto, como o momento ideal para que o Banco Central dos EUA dê a diretriz sobre o período no qual começará a implementar o processo de retirada dos estímulos monetários colocados para combater os efeitos econômicos negativos da pandemia de COVID-19.

BRASIL

Os dados de atividade econômica domésticos têm vindo acima do esperado, com janeiro e fevereiro bem melhores do que se imaginava e março e abril dando indicação que a retração devido às restrições de mobilidade serão somente uma fração mínima do ocorrido em período similar no ano passado. Com isso, nossa projeção de PIB, que chegou a ficar abaixo de 3,0% para 2021, foi revisada para 3,7%, ainda permanecendo um viés de alta que é função da velocidade do processo de imunização da população brasileira. A forte onda recente de COVID dá sinais de que o pior momento ficou para os meses de março e abril, mesmo que em maio devamos observar ainda um número de novos casos e óbitos muito elevado. Mas a pressão sobre a capacidade hospitalar já apresenta sinais de que está se esvaindo e possibilitará que as medidas de restrição de circulação comecem a ser retiradas. O processo de imunização da população brasileira segue ocorrendo sem sobressaltos, ainda com uma velocidade baixa (0,2/0,3% da população por dia em média), dependente da oferta de doses. Como maio ainda marcará um mês sem aceleração dessa oferta, esperamos que somente a partir de meados de junho vejamos um aumento na população imunizada diariamente, que possibilitará vislumbrar uma total normalização da atividade econômica, a ocorrer, mais provavelmente, no último trimestre de 2021. Caso a normalização seja antecipada, o crescimento do PIB será mais forte, o que justifica o viés altista em nossa projeção.

As questões fiscais seguem sendo nosso calcanhar de Aquiles, com o risco deixando de ser derivado do COVID e passando aos poucos a ser dominado pelo cenário eleitoral do ano que vem. A ascensão da candidatura do ex-presidente Lula em um cenário de baixa popularidade do atual mandatário – resta discutir se a baixa popularidade é derivada do COVID, o que fará com que ela volte a se elevar uma vez passado o pior momento da pandemia e com aceleração da vacinação, ou se é algo mais estrutural – torna o cenário eleitoral para 2022 mais incerto e competitivo, podendo alterar os incentivos do executivo e do legislativo em fazer andar a agenda de reformas ou de conceder benefícios mais populistas à população, como reajuste salarial para funcionalismo ou aumento do salário-mínimo acima da inflação.

Na política monetária, a extensão total do orçamento de elevação dos juros irá depender da resposta da moeda aos movimentos de alta da SELIC. Em nossas contas, dada a normalização ocorrida até o momento e a indicada para a reunião de junho (nova elevação de 75 bps da SELIC, para 4,25%), o câmbio deveria estar em um patamar mais apreciado do que o que se encontrou até o momento. Como nosso ciclo de política monetária projetado leva a SELIC até 6,50% e grande parte de nossa inflação é importada (câmbio e preços de commodities), esperamos que uma apreciação da moeda leve a números futuros mais baixos de inflação, com a normalização da taxa de juros fazendo seu papel via moeda.

RENDA FIXA
  • Ao longo do mês aumentamos a posição aplicada, adicionando risco na parte longa da curva de juros. Com a confusão do orçamento resolvida, o mercado retirou o excesso de altas, nos levando a encerrar a posição.

    Iniciamos uma posição vendida em inflação acreditando que o Banco Central conseguirá ancorar as expectativas futuras mantendo o ritmo de altas em 0,75%. Além disso, a valorização do real ajudará a devolver parte da alta transitória.

MOEDAS
  • O book de moedas apresentou uma leve perda devido a estratégia comprada em Libra x Euro.

    Aumentamos a exposição vendida em dólar contra uma cesta de moedas de países exportadores de commodities. Adicionamos o Real nessa cesta devido ao ciclo mais forte de alta de juros e à melhora dos termos de troca.

RENDA FIXA INT
  • Aumentamos nossa posição tomada em juro nos EUA. Após o forte fechamento da curva no mês de abril a assimetria se tornou favorável, com a perspectiva da aceleração da inflação nos próximos meses.

    Em Latam iniciamos uma posição tomada no juro da Colômbia.

COMMODITIES
  • Estamos com uma pequena posição comprada em ouro.

BOLSA
  • Após dois meses de realização, a bolsa brasileira apresentou uma alta de 6% no mês de março, recuperando parte das perdas, com o Ibovespa ainda caindo 2% no ano de 2021. Enxergamos o ambiente global como positivo para bolsas e, conforme descrito no mês anterior, seguimos com uma posição direcional comprada, porém mais concentrada na bolsa brasileira nesse momento – principalmente em empresas com histórico de qualidade e disciplina operacional, nas teses de reabertura, infraestrutura e tecnologia.

ATRIBUIÇÃO DE PERFORMANCE

MÊS

ANO
NOVUS MACRO

Data base: 30/04/2021

RENTABILIDADE DO FUNDOS