REPORT MENSAL
SETEMBRO - 2019
INTERNACIONAL
Indicadores econômicos costumam apresentar uma defasagem temporal entre a ocorrência de um evento e a piora na estatística. No começo de agosto vimos o retorno da discussão de guerra comercial entre EUA e China. Dois meses após o ocorrido, os indicadores de sentimento globais (principalmente EUA e União Europeia) recuaram de forma significativa. Nos EUA, tanto a parte de manufaturas, quanto a parte de serviços atingiram patamares preocupantes. Ainda não vemos um cenário de recessão para os EUA, mas a fraqueza presente é suficiente para levar o FED a seguir com pelo menos mais um recuo de 25 bps na taxa básica de juros. Como destacado em nossa última carta mensal, os indicadores econômicos da Alemanha, principal economia da Europa, seguem muito preocupantes. Neste caso, os sinais de recessão são evidentes. O Banco Central Europeu vem tentando dar a resposta necessária para gerar reativação da economia germânica, mas, nossa impressão é de que estamos no limiar de atingir a exaustão da política monetária. Nossa hipótese segue sendo de que será necessária resposta proveniente da política fiscal.
Por outro lado, os sinais de atividade da Ásia, mais especificamente da China, foram melhores. Era esperado que a atividade econômica chinesa também sentisse o efeito do recrudescimento da guerra comercial. A pronta resposta das autoridades chinesas com medidas econômicas mais expansionistas parece ter evitado uma desaceleração mais pronunciada. Seguimos atentos aos próximos indicadores com a possibilidade da defasagem temporal ser maior para essas economias. De qualquer forma, um ambiente global onde a desaceleração não implica em recessão e em que a atividade chinesa se sustenta é muito positivo para mercados emergentes.
O fator político começa a se tornar mais relevante nos EUA. A abertura de um inquérito formal de impeachment contra o presidente Donald Trump sinalizou que a probabilidade de o partido democrata optar por um candidato mais ligado à extrema esquerda é elevada. O nome de Elizabeth Warren vem ascendendo como favorito nas primárias, deslocando o candidato Joe Biden, visto como um perfil mais de centro. O programa de governo de Warren seria mal visto pelo mercado.
A retórica de guerra comercial vem arrefecendo, com sinalizações de ambos os lados mais positivas. Em nossa visão, o cenário em que ocorre um acordo comercial entre EUA e China se elevou ao longo do último mês e a concretização do mesmo seria muito relevante para o crescimento futuro. Se por um lado temos sinais bem negativos de atividade global, por outro há indicações de que um dos fatores que mais impactou negativamente a atividade no mundo está sendo resolvido. O mundo se encontra no ponto de inflexão.
BRASIL
A taxa Selic caiu, as reformas econômicas mais importantes foram aprovadas/endereçadas e o comando da economia é liberal. O que falta para o país voltar a crescer? Em nossa opinião, esse é o principal assunto para os próximos meses.
A reunião do conselho de política monetária de setembro mostrou um Banco Central com projeções de inflação muito contidas, como resultado da inflação corrente em persistente patamar mais baixo e reavaliação do juros neutro da economia. Havia uma preocupação sobre o impacto do câmbio mais depreciado sobre as projeções de inflação, mas, em períodos de hiato do produto aberto e expectativas ancoradas, o repasse para inflação se encontra mais baixo do que o apresentado em outros momentos. Como compartilhamos a visão de que não há uma preocupação com a inflação, revisamos nossa projeção de Selic para o final de 2019 e 2020 de 5,0% para 4,5%. Nossa hipótese é que esse novo corte da Selic auxiliará ainda mais no ciclo de crédito da economia, sustentando um PIB mais forte para os períodos à frente.
Começamos a observar sinais mais alvissareiros de crescimento no Brasil. O terceiro trimestre do ano, cujas projeções iniciais colocavam risco de variação negativa, já se projeta com crescimento anualizado acima de 1,5%. Para 2019, ainda mantemos nossa projeção de PIB de 0,9%. Para 2020 reforçamos a expectativa de 2,5%, com o risco altista, principalmente com um segundo semestre mais forte em 2019, elevando o carrego estatístico para 2020.
Os sinais provenientes da indústria são mais positivos. Tanto a produção industrial de agosto quanto os PMI’s de manufaturas dão alento à recuperação da atividade. Consideramos o setor industrial como melhor antecedente de atividade futura. Além disso, as concessões de crédito a baixas taxas de juros – que já começam a ser repassadas aos consumidores finais – e a recuperação da empregabilidade indicam que um crescimento mais forte do PIB se encontra logo à frente.
O mercado de Renda Fixa contribuiu positivamente para a nossa estratégia de opções que buscava cortes de juro até 5,00% no final do ano. Devido à convergência dessa operação, optamos por zerar.
Seguimos com uma pequena estratégia comprada em inflação curta.
Não enxergamos prêmio na estrutura de Renda Fixa.
Nossa estratégia vendida na parte curta acreditando na assimetria de um corte de 50 bps pelo FED e tomado na parte longa da curva contribuiu negativamente para o resultado.
Durante o mês de setembro voltamos a ficar vendidos no juro curto mexicano acreditando que a probabilidade de cortes de 50 bps vai aumentar nos próximos meses.
Iniciamos uma pequena posição vendida em dólar contra o real que contribuiu para o resultado negativo no mês.
Continuamos buscando a inversão do ciclo de dólar forte global.
- Encerramos nossa posição comprada em ouro. Após a forte alta desde junho, acreditamos que esse movimento tenha se esgotado.
Com aumento da probabilidade de um avanço de um acordo comercial entre os EUA e China, o ouro deve sofrer nos próximos meses.
A carteira de bolsa apresentou um resultado positivo no mês. Ao longo do mês, com o cenário mais positivo para a economia global, alteramos um pouco a composição das nossas posições. A volta do fluxo do investidor estrangeiro tem beneficiado os papeis que compõem o lbovespa. Deixamos a carteira mais indexada para pegar essa rotação de valor x crescimento. Seguimos com uma parte do risco da carteira em papeis que vão se beneficiar da retomada da atividade domestica.