REPORT MENSAL
OUTUBRO - 2019
INTERNACIONAL
O mundo atingiu o fundo do poço em termos de atividade? Essa é a pergunta mais importante a ser feita sobre atividade global. Nossa premissa básica sempre foi a de que os ruídos na relação comercial entre EUA e China, adicionado ao conturbado processo de saída do Reino Unido da Zona do Euro, que tem dificultado as trocas econômicas entre a ilha britânica e o continente europeu, foi o grande responsável pela desaceleração econômica. Ao que tudo indica, esses dois empecilhos para crescimento do mundo se encaminham para uma resolução. Além disso, diversos bancos centrais, de países desenvolvidos a emergentes, vêm adicionando estímulo monetário às economias, e em alguns casos específicos estímulos fiscais também vêm ocorrendo. Esses pontos nos fazem crer que a resposta à pergunta inicial é positiva.
É muito comum que nos estágios iniciais de recuperação, a mesma ocorra de forma disforme, sendo natural oscilações entre países e entre meses. Olhando os PMl’s globais de manufaturas, vemos que a Zona do Euro ainda não oferece sólidos sinais animadores, ficando estável em patamar de contração na Alemanha, motor da região, mas como mostrado no gráfico abaixo, com indicações futuras de melhora. Nos EUA, o mesmo patamar de contração é observado no indicador nacional, apesar dos indicadores regionais um pouco melhores. Na China, observa-se uma discrepância entre o número estimado pelo órgão público de estatística e o Caixin. Pelo desenho da amostra (com o Caixin captando pequenas e médias empresas e uma maior quantidade de exportadoras), acreditamos que a informação que ele traz para a atividade global tende a ser mais positiva, com a diminuição dos riscos de guerra comercial já impactando positivamente o humor dos empresários.
E o que isso representa para os bancos centrais? No caso dos EUA, nossa hipótese é a de que o ciclo de política monetária foi encerrado. O presidente Jerome Powell deixou claro que só alterações substanciais no cenário econômico farão com que o ciclo de corte de juros tenha que ser retomado. No caso europeu, a mudança de comando e o forward guidance dado na última reunião também indicam que não deveremos ter alterações no futuro próximo. México e Canadá, vizinhos dos EUA, que entraram atrasados no ciclo global de política monetária, ainda possuem espaço para redução na taxa de juros.
No caso dos países latino-americanos, o risco de revolta social ressurgiu, com protestos relevantes tendo ocorrido na Bolívia, Equador e os mais expressivos no Chile. A pergunta que se faz é sobre a possibilidade de outros países da região serem contaminados por isso. Nossa hipótese é que não. O Brasil já passou por sua onda de protestos em 2073, optou por uma agenda econômica responsável na última eleição, não tem união nas forças de oposição ao governo e viu a força dos sindicatos recuar substancialmente com a reforma trabalhista.
BRASIL
De 2016 a outubro de 2019, a pauta econômica foi direcionada por uma só reforma: Previdência. A aprovação de uma PEC robusta no parlamento aumenta a expectativa sobre o que está por vir. Quais as prioridade da equipe de economia? O que tem a nos oferecer o liberal ministro Paulo Guedes?
A nova agenda econômica é sintetizada nas seguintes propostas: (i) PEC Emergencial – visando abrir espaço no orçamento para aumento do investimento público nos próximos dois anos via congelamento de despesas; (ii) Reforma administrativa – visando alterar a forma de contratação no setor público com estimativas iniciais de uma economia de cerca de R$ 400 bilhões ao longo de 15 anos; (iii) PEC DDD – redução das vinculações constitucionais do orçamento público; (iv) Pacto federativo com distribuição dos recursos extraordinários arrecadados com leilão do petróleo e (v) Programa de ajuda aos estados – cujo objetivo é o de permitir com que MG e RS entrem no programa de recuperação fiscal. Além disso, diversos decretos visando redução da burocracia estão sendo editados, buscando facilitar o ambiente de negócios no país.
Os sinais de recuperação da atividade doméstica ainda são iniciais e as indicações vindas do mercado de crédito e do mercado de trabalho formal são alvissareiras. O terceiro trimestre de 2019 se encaminha para um crescimento anualizado ligeiramente abaixo de 2% e espera-se que, no último trimestre do ano, os efeitos da política monetária e da liberação do FGTS levem a um crescimento anualizado acima de 3,0%. Com isso, nossa projeção do PIB de 2019 se encontra em 1,0% e para 2020 em 2,5%.
A inflação segue em sua trajetória favorável, com os núcleos sensíveis à atividade econômica rodando em patamar abaixo do limite inferior da meta de inflação. Por outro lado, reajustes de preços administrados – loterias e energia elétrica – pressionam a inflação no curto prazo, afastando o risco de o IPCA ficar mais próximo a 3,0%. Para o ano que vem, uma menor pressão de administrados, a taxa de desemprego ainda em patamar elevado e a mudança na estrutura de ponderação do índice de preços, faz com que nossa projeção fique em 3,6%, abaixo da meta de 4,0%.
Esse ambiente inflacionário benigno se reflete nas projeções condicionais favoráveis divulgadas pelo BCB. Segundo o comunicado da última reunião, 2021 marcará o quinto ano consecutivo em que o IPCA ficará abaixo da meta. Mesmo com a indicação do BC de que os movimentos de juros no início de 2020 serão feitos com cautela, entendemos que a SELIC deve alcançar 4,0% em março de 2020 – com dois cortes de 25 bps – por conta do ambiente saudável de inflação, encerrando o ciclo de corte da taxa de juros.
O ganho no book de Renda Fixa veio da posição comprada em NTN-B longa. Após o forte fechamento da curva de juros as Bs longas não acompanharam.
Com o andamento da pauta de independência do Banco Central pelo Congresso e a sinalização por parte do Copom de mais cautela no corte de juros a parte longa da curva de juros vai se beneficiar nos próximos meses.
O resultado positivo veio da posição aplicada na parte curta do juro mexicano. A atividade mais fraca e a desaceleração da inflação deve permitir cortes de 50 bps nas próximas reuniões no México.
Continuamos tomados no juro longo americano. Com a retomada da economia global e o fim do ciclo de cortes pelo FED no curto prazo essa curva longa deve voltar acima de 2,00% nos próximos meses.
As posiçoes vendidas em dólar contra uma cesta de moedas composta por real, dólar australiano, euro e peso mexicano contribuíram para o bom resultado no mês.
Melhora da economia global deve favorecer o fluxo para esses países.
No final do mês iniciamos uma posição comprada em cobre. A commodity sofreu muito com a guerra comercial entre EUA e a China e deve apresentar uma melhora com o avanço nas negociações comerciais.
A carteira de bolsa apresentou um resultado positivo no mês. Ao longo do mês, com o cenário mais positivo para a economia global, alteramos um pouco a composição das nossas posições. A volta do fluxo do investidor estrangeiro tem beneficiado os papeis que compõem o lbovespa. Deixamos a carteira mais indexada para pegar essa rotação de valor x crescimento. Seguimos com uma parte do risco da carteira em papeis que vão se beneficiar da retomada da atividade domestica.