A Novus Capital está animada com seu fundo de debêntures incentivadas, o caçula da prateleira da gestora carioca. Prestes a completar seis meses, o produto que une a estratégia de renda fixa ativa da casa à de crédito privado da cearense Grifo Asset – comprada em setembro do ano passado – já possui mais de R$ 80 milhões em patrimônio, mantendo o ritmo de captação num ano que foi positivo para o segmento, mas com um cenário macroeconômico difícil. A expectativa, agora, é continuar crescendo.
“Não demos o passo no crédito por conta do boom no mercado, já pensávamos nisso há mais de dois anos. Mas temos calma. Não é sobre pensar em quintuplicar e colocar dinheiro para dentro a qualquer custo. A gente atua em um horizonte maior, pois o Brasil é um país que, estruturalmente, tem juros altos, então crédito é um mercado que vai se desenvolver tanto quanto os outros”, afirma Rodrigo Galindo, sócio e presidente executivo (CEO, na sigla em inglês) da Novus, que recebeu o Broadcast Investimentos no escritório da gestora no Rio de Janeiro.
Galindo afirma que todo o foco da gestora está no crescimento dos dois fundos de crédito. Além do veículo de debêntures incentivadas, há um de estratégia high grade, com mais de dois anos de histórico e que chegou pela integração com a Grifo. “Tem que ter foco. Não adianta fazer tudo ao mesmo tempo, até porque já estamos vivendo um processo de integração”, observa o executivo, que tem se dividido entre os três escritórios da Novus - que também está em São Paulo e Fortaleza - para alinhar os times após a aquisição recente.
Os dois fundos de crédito da Novus têm o perfil high grade, mas o de debêntures incentivadas apresenta duration mais longa, por conta dos prazos para o financiamento de projetos de infraestrutura, diz Victor Ary, sócio e gestor de crédito. Ele destaca que, após olhar para empresas com maior alavancagem e mantendo um nível de caixa baixo, nos últimos meses, a estratégia high grade tem mirado debêntures dos mercados primário e secundário - sem originação própria por conta do risco de liquidez - e ficado mais defensiva.
“Vimos que o mercado de crédito não estava acompanhando o estresse dos demais mercados. Ou o mercado de crédito teria que se ajustar ou todos os outros teriam que melhorar, e essa última não era provável. Então fizemos ajustes e ficamos mais conservadores”, explica Ary. Houve redução das empresas com maior alavancagem e das que são mais sensíveis ao ciclo de atividade econômica, como varejo. Por outro lado, as companhias com maior previsibilidade de receita e com contratos indexados à inflação, como nos setores de utilities e elétricas, ganharam espaço, assim como a posição em caixa, que subiu de algo entre 5% e 6% para em torno de 20%.

No caso do fundo híbrido de renda fixa ativa e crédito, que ainda tem algum tempo para enquadrar a parcela de infraestrutura, a maior composição de geração de alfa tem vindo da parcela de risco de mercado, segundo Ary. De acordo com Luiz Eduardo Portella, sócio e co-diretor de investimentos (co-CIO, na sigla em inglês) da Novus, a avaliação ainda é pessimista em relação ao Brasil, então a gestora tem mantido posições pequenas em ativos locais, com mais convicção no exterior, como posições tomadas (que apostam na alta) em juros nos Estados Unidos e compradas nas bolsas europeia, chinesa e americana.
Atualmente, a Novus tem cerca de R$ 2,6 bilhões sob gestão, sendo R$ 2 bilhões só na estratégia de renda fixa. Segundo Portella, a diversificação na prateleira da casa - com produtos também de multimercado e previdência - tem sido o trunfo para navegar os diferentes ambientes macroeconômicos. E Galindo já adianta que há “sementes futuras” para colher em outros segmentos.