REPORT MENSAL

FEVEREIRO - 2020

Em fevereiro o coronavírus se espalhou para o resto do mundo e gerou um pânico nos mercados. Estamos respeitando esse ambiente de maior aversão a risco e reduzimos as posições.

Acreditamos que o mercado de juros vá apresentar oportunidades no curto prazo com o cenário de desaceleração global e quedas de juros, e assim que o mercado global se estabilizar vamos aumentar a posição em renda variável.

INTERNACIONAL

O risco de uma pandemia do Covid-19 e seus efeitos sobre a atividade econômica vêm se agravando recentemente. Na China, epicentro inicial do vírus, as medidas para conter a propagação da doença foram bem-sucedidas em evitar que a epidemia tomasse proporções ainda maiores, mas, ao mesmo tempo, incorreu em um significativo custo em termos de atividade econômica, dada a necessidade de paralisação do livre fluxo de pessoas e produtos. Ao final do mês de fevereiro já foi possível observar que o total de novos casos de contaminação pelo vírus no país está em clara trajetória descendente e que se inicia o processo de normalização das atividades produtivas.

Mesmo com todos os esforços empreendidos pelo gigante asiático, a contaminação para o resto do mundo ocorreu e o receio de que outros países tenham que incorrer no mesmo custo em termos de PIB levou a forte temores nos mercados globais. O risco já é visível em alguns países asiáticos, na Europa – com destaque para a Itália – e nos EUA. Mesmo que a reação das autoridades não seja idêntica à adotada na China, a probabilidade de que haja uma redução voluntária no fluxo de pessoas e comércio é significativa, levando a um custo não-desprezível em termos de crescimento.

A entrada de outros países nesse risco de epidemia faz com que a anteriormente esperada recuperação em V da atividade global se pareça mais com uma recuperação em U, com recuo maior no curto prazo, tornando o processo mais lento. Isso implicará em um menor PIB global em 2020 e necessidade de maior resposta das autoridades econômicas.

Espera-se que os Bancos Centrais globais e as autoridades fiscais venham para impedir o risco de uma recessão global mais severa. A interrupção da atividade econômica virá por duas formas, uma com efeitos deflacionários e outra com efeitos inflacionários. (i) A paralisação da demanda com receio de que haja uma pandemia de Coronavírus afetando consumo e investimento, o que é deflacionário e enseja atuação firme e decisiva dos formuladores de política; (ii) Um choque de oferta causado pela diminuição de produtos intermediários importados da China, por conta da extensa paralisação das atividades no país, o que seria inflacionário e exigiria mais cautela das autoridades. Com o risco se tornando mais global e o forte impacto que isso terá sobre a demanda, achamos que o efeito deflacionário é bem mais significativo e deveremos observar respostas das autoridades em um curto espaço de tempo, com cortes de taxas de juros, ampliação de liquidez a mercado, redução momentânea de impostos para empresas/setores com maior dificuldade e ampliação dos investimentos públicos. Espera-se que essas medidas contrabalanceiem o efeito negativo do vírus e impeçam que o mundo caminhe para a recessão. Será necessário entender qual a extensão da epidemia no mundo todo para avaliar se entraremos em recessão ou não.

BRASIL

E o que sobra para a economia brasileira nesse conturbado ambiente global? Nossa incipiente recuperação econômica sofre novo abalo, com restrição de PIB pelo impacto global (menores exportações de produtos básicos e dificuldade de importação de bens intermediários) e pelo doméstico, com o risco de contaminação pelo vírus devendo afetar o comportamento dos brasileiros.

Isso é mais um choque sobre o PIB brasileiro, que já possuía riscos baixistas por conta de um final de 2019 mais fraco que o esperado e problemas com a atividade asiática. Devido à incerteza sobre o impacto do PIB global, a estimativa pontual para PIB Brasil se torna mais incerta. Nossa projeção se encontra no intervalo entre 1,5% e 2,0%, com viés mais deslocado para o 1,5%. Para a inflação, nossa projeção para 2020 segue em 3,4%, também com viés baixista dado que teremos atividade e preços globais de commodities mais baixos. O efeito altista de inflação fica por conta da forte depreciação cambial ocorrida neste ano.

Para política monetária, apesar do viés mais hawkish colocado pelo BCB em suas últimas comunicações, o risco baixista para o PIB e os movimentos de outros bancos centrais do mundo farão com que, na nossa visão, a autoridade monetária não interrompa o processo de redução da taxa básica de juros, reduzindo a SELIC em mais 75 bps nas três próximas reuniões do COPOM e levando a taxa básica a 3,5%.

Com relação à política fiscal, os sinais emitidos por Brasília levam em conta uma elevada probabilidade de aprovação da PEC emergencial, primordial para a sobrevivência do teto de gastos até 2026. Será importante observar o comportamento da classe política diante do novo cenário de crescimento e do ambiente global mais favorável a despesas públicas, principalmente de investimentos. A PEC emergencial com restrição a despesas de custeio pode abrir maior espaço para expansão de investimentos públicos, permitindo maior ativismo da política fiscal sem necessariamente colocar em risco o teto de gastos.

RENDA FIXA
  • O ambiente de desaceleração global passou a permitir que o Banco Central continue o ciclo de queda. No final do mês encurtamos nossas posições aplicadas no juro para capturar esse cenário.

    Estamos mantendo a compra de NTN-B longa. Cenário da dívida/PIB melhorando mais rápido e juros no mundo caminhando para zero vão ajudar na convergência para 3%.

RENDA FIXA INT
  • Durante o mês de fevereiro não fizemos posições em juros internacionais.

MOEDAS
  • Continuamos sem posições direcionais em moedas. Diferencial de juros entre os EUA e resto do mundo vai continuar fechando nos próximos meses o que vai ajudar a tirar a pressão do movimento de dólar forte global.

COMMODITIES
  • Com a China começando a estabilizar e os novos cortes na produção de petróleo por parte da OPEC iniciamos uma posição comprada em petróleo e no cobre com perda limitada.

BOLSA
  • Iniciamos o mês de fevereiro com uma exposição ao redor de 20% comprados em bolsa Brasil. Na medida em que observamos um número maior de infectados pelo Coronavírus fora da Ásia, o que acabou acarretando no aumento de volatilidade dos mercados, trocamos metade da posição por call de Ibovespa e compramos puts de S&P para proteger parte da carteira de ações. Com as alterações promovidas, nossa exposição caiu para 10% e zeramos a proteção vendida em S&P devido à forte queda ocorrida. Atualmente, permanecemos com a posição ao redor de 10%, monitorando a volta da racionalidade do mercado com as medidas adotadas pelos governos e banco centrais, afim de conter a desaceleração econômica global.

ATRIBUIÇÃO DE PERFORMANCE

MÊS

ANO
NOVUS MACRO

Data base: 28/02/2020

RENTABILIDADE DO FUNDOS