REPORT MENSAL
DEZEMBRO - 2019
Após a turbulência de novembro, o mês de dezembro foi muito positivo. Indicadores da economia global continuaram mostrando sinais de melhora e houve avanços significativos na resolução do Brexit e na Guerra Comercial.
O tema para 2020 deve ser de volta de fluxo para emergentes, Europa e Ásia, e o Brasil tem tudo para se diferenciar positivamente com a melhora do crescimento
INTERNACIONAL
O ano de 2019 termina e a busca pela recuperação cíclica da economia mundial segue sua toada. Dezembro marcou a confluência de fatores muito relevantes em termos de ciclo global de atividade: (i) a primeira fase do acordo comercial entre EUA e China foi acertada e deve ser assinada em meados de janeiro, com a retirada de alguns impostos americanos sobre produtos importados da China; (ii) o Brexit foi encaminhado após a estrondosa votação do partido conservador nas eleições legislativas do Reino Unido, embora restem incertezas a respeito dos termos do acordo com a União Europeia, após a saída do país do bloco; (iii) a China segue consolidando, embora a passos mais lentos que em períodos anteriores, seus estímulos econômicos, mesclando instrumentos fiscais e monetários; (iv) os sinais de atividade vindos da Ásia indicam início de recuperação coordenada no continente que é o mais dinâmico em termos de comércio inter-regional do mundo. Esses fatores nos levam a crer que a virada cíclica da economia esteja ocorrendo, mas ainda estamos distantes de poder afirmar que há um crescimento global sincronizado.
Se por um lado temos notícias mais promissoras vindas da Ásia, o mesmo não pode ser dito da Europa. A economia europeia segue sem mostrar capacidade de reação, mesmo com política monetária ultraexpansionista. Como as economias da Zona do Euro são muito dependentes do comércio, seja inter ou intrarregional, a esperança reside na capacidade da recuperação do comércio global gerar impulso, principalmente para a Alemanha, dado que os instrumentos monetários parecem ter atingido seu limite e os governantes seguem reticentes em utilizar política fiscal. A resolução das questões do Reino Unido também deve retirar pressão negativa sobre a economia da região. Nos EUA, país que chegou por último no ciclo de desaceleração, os sinais são de pouso suave. Indicadores de mercado de trabalho ainda se encontram em seus melhores níveis e o consumo das famílias desacelera em ritmo modesto. Os indicadores industriais, por sua vez, mostram uma economia que segue perdendo dinamismo. A grande dúvida que persiste é sobre qual será a capacidade do ciclo industrial de gerar desaceleração nos demais segmentos da economia.
A retomada cíclica liderada pela Ásia exerce pressão sobre as commodities e é positivo para ativos de risco, principalmente de países emergentes. O ano de 2019 foi caracterizado por políticas monetárias expansionistas no mundo inteiro e o novo cenário, de crescimento mais sólido e aumento de preços de commodities, reduz a necessidade de novas medidas de estímulos. A próxima discussão parece ser o timing da retomada de alta das taxas de juros diante de receios com relação à volta da inflação. Ao que tudo indica, no entanto, será preciso consolidar a recuperação da atividade de forma sincronizada, o que demanda tempo, retardando a discussão mais para o final desse ano.
BRASIL
Neste contexto mundial, o Brasil precisa dar algumas importantes respostas em 2020: (i) qual a velocidade de crescimento que conseguiremos atingir em um momento delicado da recuperação global, com parceiros comerciais debilitados, após um forte estímulo monetário concedido e com seguidas decepções da atividade; (ii) qual será o efeito secundário do forte choque de preços de proteína animal ocorrido no final de 2019, como a inflação reagirá aos preços de commodities mais elevados e como a inflação reagirá em ciclo de crescimento mais favorável; (iii) após um ano de fluxo cambial decepcionante, se o maior crescimento econômico será suficiente para garantir entrada de recursos externos.
No primeiro caso, olhando para o comportamento do mercado de trabalho e para os indicadores de massa salarial, achamos difícil que ocorra nova decepção com o crescimento. O ciclo de crédito está se concretizando e a melhora ocorre de forma disseminada – tanto nos segmentos de melhor qualidade quanto nos considerados emergenciais.
No segundo caso, após uma alta expressiva das proteínas ao final de 2019 – movimento que era aguardado desde meados do ano passado, embora em magnitude menos pronunciada –, restam duas questões a serem respondidas nos próximos meses: (i) que parcela da alta de preços será devolvida, o que dependerá das relações de oferta e demanda por proteínas. Nesse quesito, acreditamos que uma mudança de preços relativos se fará necessária, com o preço da carne bovina se estabilizando em um patamar superior ao anterior, mas inferior ao alcançado ao longo dos últimos dois meses; e (ii) qual a capacidade desse choque de preços de se propagar pela economia. Vimos nos últimos 3 anos um aumento substancial da credibilidade da autoridade monetária, refletida no aumento da importância das expectativas de inflação na explicação a inflação corrente, ao invés de, como ocorria anteriormente, uma inércia mais elevada que propagava os choques de preços por um período bem mais prolongado. Acreditamos que a boa condução da política econômica e a permanência de relevante capacidade ociosa na economia seguirá impedindo contaminação dos demais preços, de forma que não será gerada pressão inflacionária.
O último ponto será de extrema relevância e explicitará o amadurecimento do país economicamente. Por muitos anos, o fluxo de capitais para investimentos em renda fixa foi responsável por financiar nosso balanço de pagamentos. Com a Selic na mínima histórica, resta a dúvida sobre como se comportará o fluxo de recursos externos. Em outros períodos, foi preciso crescimento econômico expressivo e melhora da nota de classificação de risco para que houvesse fluxo de capitais ex-renda fixa para ativos domésticos em montante suficiente para financiar nossas contas externas. Sendo assim, a conjuntura mais favorável se mostra de extrema importância para o melhor comportamento da moeda doméstica. Acreditamos que veremos melhora nos fluxos externos em 2020, o que, junto com uma recuperação global puxada pela Ásia irá permitir uma dinâmica mais favorável do real, apesar dos juros baixos.
Os ganhos em Renda Fixa vieram da posição aplicada na parte curta e longa da curva. Com a forte alta do preço de proteina em dezembro nossa posição de inflação curta contribuiu muito positivamente.
Para 2020 acreditamos que a curva de juros está muito bem precificada. Não temos mais posições direcionais.
Seguimos comprados em NTN-B longa e iniciamos uma posição tomada em steepening curto da curva de juros.
Durante o mês de dezembro não fizemos grandes posições em juros internacionais.
Zeramos nossa posição aplicada na parte curta da curva do México.
As posições vendidas em dólar contra uma cesta de moedas composta por real, dólar australiano, euro e peso mexicano contribuíram positivamente no mês.
Acreditamos que em 2020 o diferencial de crescimento mais positivo entre o resto do mundo e os EUA vão ajudar no dólar fraco global.
Ao longo do mês iniciamos uma compra no petróleo. A OPEC sinalizou que está satisfeita com um equilíbrio mais alto de preço quando cortou a produção mais do que o esperado em sua última reunião.
Em 2020 o mercado de petróleo também pode ficar mais apertado devido a queda da produção americana.
Durante a turbulência de novembro aumentamos nossa exposição em bolsa, tanto local quanto em bolsa emergente. Nossa alocação segue como principal fator de risco dos fundos, compondo uma carteira doméstica nos setores de consumo e infraestrutura e adicionamos risco no setor de commodities.